sorriso .
Perdia-me naquele sorriso. Como se fosse a medalha ideal de qualquer pódio. Como se em cada jogada o ás de trunfos fosse seu. Como se não houvesse amanhã. Como se o mundo fosse só aquele sorriso. Como se o universo se concentrasse ali, naquele movimento de lábios. Como se o silêncio fosse a voz, ao ver-te sorrir. Como se esse sorriso fosse uma porta aberta para tudo o que há de bom. Como se não houvesse chave capaz de o trancar. Como se nenhum dentista, mesmo com raio-X, fosse capaz de arranjar motivos para o arrancar. Porque era perfeito. Era poesia. Era ritmo. Era metáfora conjugada nas reticências da intemporalidade. Incessante. Dava vontade de mais. Sempre mais. Até que chegou o dia. A hora. Em que aquele sorriso deixou de ser. Desvaneceu-se pelas armas do tempo. Cessou. Há sorrisos que ficam para sempre, não há? Mesmo aqueles que se afastam.